segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pinto morto


Vizinha briga por causa da morte de um pinto


Com base em informações de testemunhas, caminhamos pelos varadouros do bairro chamado Caladinho, uma invasão formada há 3 anos, com 1.500 famílias instaladas em barracos. Foi como encontrar agulha em palheiro.

A região de altos e baixos terrenos é totalmente dominada pela lei do tráfico. A cena é mesmo a de filmes. Rabichos de energia, pequenas aglomerações em volta do som pancadão funk, corpos marcados por tatuagens, muita miséria e nenhuma informação. 

"Aqui quem fala muito amanhece com a boca cheia de formiga", disse o informante que me levou até a representante da comunidade.

Aos 56 anos, dona Maria Cunha é  a única pessoa autorizada a falar alguma coisa. "Desde que não caguete ninguém da turma deles", adverte a atenciosa dona de casa que ao saber do assunto, logo pegou o cadastro dos moradores e pacientemente procurou pela senhora Sebastiana [a mulher do pinto]. Com a ajuda do filho, de nome José Marcos, encontramos o rumo do endereço. "Fica logo ali embaixo daquelas mangueiras", apontou dona Maria.

Voltamos à caminhada passando por pinguelas e córregos, invadindo literalmente, a privacidade da vizinhança sem cerca, sem muros. Estranhamente, uma liberdade que assusta os moradores da região. Quando finalmente achamos a casa de dona Sebastiana, nossa presença inibiu o diálogo. Sem prosa, de olhar fechado, ela não deixou ser fotografada. Vivendo num espaço de 4 m² se limitou a dizer que ali não era a única que brigava por pinto ou galinhas, "todo mundo briga por alguma coisa nesse inferno", desabafou. A vizinha [cujo nome ela não quis revelar], já não mora mais no local.

Soubemos através de representante da comunidade que "as pessoas estão saindo por que desacreditam que um dia os problemas das terras sejam resolvidos. Ai vão embora, muitas com medo das confusões que acontecem todo dia. Por galinha, por pinto, por venda de terreno, aqui já assassinaram três", relatou Maria Cunha.

Dos 350 processos registrados por mês no Posto de Atendimento da Justiça Comunitária, quase 50% são oriundos da comunidade do bairro Caladinho. Uma terra sem lei aonde um pinto, às vezes tem o valor de uma vida.


(Fonte: Ac24horas)

PS:



“As pessoas estão saindo por que desacreditam que um dia os problemas das terras sejam resolvidos. Ai vão embora, muitas com medo das confusões que acontecem  todo dia. Por galinha, por pinto, por venda de terreno, aqui já assassinaram três".

O problema vai ser quando eles começarem a brigar para saber quem veio primeiro, se foi o ovo ou a galinha.

Esse bairro Caladinho é engraçado, é Caladinho, mas todo mundo reclama; A mulher é dona do pinto vive embaixo da mangueira.

Não acho absurdo que briguem por um pinto, precisamos levar em consideração o tamanho do pinto, e a importância dele na vida da mulher. Pensem, embaixo de uma mangueira, morando num barraco de 4 m², no bairro Caladinho, e ainda sem o pinto para ela dar carinho... Analisem... 

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